Populações de animais da floresta estão em declínio, aponta relatório do WWF
- Naturaliza
- 14 de ago. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 7 de jan. de 2021
As populações de aves, mamíferos, anfíbios e répteis que vivem em florestas diminuíram 53% entre 1970 a 2014. A causa principal é a perda e a degradação de seus habitats causada principalmente pela atividade humana, como o desmatamento. É o que indica o relatório "Below the Canopy" (Abaixo da copa das árvores) divulgado pela World Wide Fund for Nature (WWF).
O estudo aponta que os declínios foram maiores em florestas tropicais, como a floresta amazônica. A ONG aponta também a caça, a introdução de espécies invasoras, a disseminação de doenças e a mudança climática como fatores que contribuíram para esse problema.

Ainda segundo o relatório, as florestas são vitais para a saúde do planeta, uma vez que abrigam bem mais da metade das espécies terrestres do mundo e são um dos agentes responsáveis pela maior quantidade de captura de carbono, o que mitiga a crise climática. E a fauna silvestre, por sua vez, é vital para manter as florestas saudáveis e produtivas, cumprindo funções como a polinização e a dispersão de sementes, além de outros papéis essenciais para sua própria regeneração e o armazenamento de carbono.
Desmatamento e licenciamento no Brasil
O desmatamento na Amazônia brasileira vem crescendo aceleradamente nos últimos sete meses. Segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o desmatamento de julho de 2019 teve um aumento de 278% em relação ao mesmo mês do ano passado. Nos primeiros sete meses de 2019 houve um aumento de 65% em relação ao mesmo período do ano passado.
Mas o que está ruim pode piorar. Tramita em regime de urgência na Câmara dos Deputados o PL 3.729 de 2004, que modifica toda a legislação de licenciamento ambiental. Sob a presidência de Rodrigo Maia (DEM-RJ), o projeto pode ir à votação ainda esta semana.
Se aprovada como apresentada pelo seu relator, o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), o projeto permitirá que obras de infraestrutura sejam realizadas na Amazônia sem que o desmatamento, impacto indireto, seja considerado.
"Essa legislação faz o Brasil retroceder aos anos 1970, quando o governo militar abriu estradas e construiu hidrelétricas na Amazônia sem tomar qualquer cuidado socioambiental, o que levou à dizimação de povos indígenas, ao desmatamento acelerado e a muita violência ", avalia o diretor de Justiça Socioambiental do WWF-Brasil, Raul Valle. "Em função do desastre ocorrido, passamos a exigir, inclusive por pressão de financiadores internacionais, a elaboração de estudos e adoção de medidas de controle antes da aprovação de obras com grande impacto ambiental. Estamos voltando quarenta anos no tempo.
Síndrome das florestas vazias
O Índice Específico de Florestas também avaliou se a cobertura florestal sozinha - o indicador mais usado globalmente - era uma indicação precisa da saúde da vida selvagem na florestas, abaixo da copa das árvores. A pesquisa descobriu que, ao mesmo tempo em que o combate ao desmatamento e o aumento da cobertura florestal são essenciais para restaurar a natureza, estes são, por si só, etapas que não são suficientes.
Enquanto as descobertas do Índice de Especialistas em Florestas mostram um quadro sombrio do estado da biodiversidade florestal, as histórias de sucesso da conservação nos mostram que os animais que habitam a floresta podem se recuperar com as intervenções corretas. De macacos na Costa Rica a gorilas na África central e oriental, o relatório destaca uma série de soluções que ajudaram com sucesso as populações de animais da floresta a prosperar novamente.
Sobre o Índice Específico de Florestas
Ainda se sabe pouco sobre a situação dos animais silvestres nas florestas. O Índice Específico de Florestas (Forest Specialist Index), desenvolvido pelo WWF seguindo a metodologia do Living Planet Index (usado no mais importante relatório mundial sobre biodiversidade, o Relatório Planeta Vivo --Living Planet Report), se concentra em espécies que dependem inteiramente de florestas. Isso significa que este indicador fornece uma representação acurada da saúde do ecossistema florestal.
O Centro de Monitoramento Mundial de Conservação (UNEP-WCMC, World Conservation Monitoring Centre) liderou a análise e modelagem para este relatório em colaboração com a Sociedade Zoológica de Londres (ZSL, Zoological Society of London).
Fonte: WWF
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