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O aumento do consumismo e as consequências na geração do lixo eletrônico

Atualizado: 16 de abr. de 2020

Um dos grandes problemas da sociedade atual é o crescente número de consumo inconsequente. São tantas formas de oferecerem produtos que entramos em um estágio de compra por impulso, sempre buscando pelo produto mais atualizado, sem se importar se precisamos ou não. A aparente satisfação de necessidade justifica o prazer de suprir esse impulso e gera graves consequências, tanto pessoais quanto para a sociedade.


Com essa alta rotação de mercadorias, surge um problema com o descarte de produtos. Uma grande preocupação são com os lixos eletrônicos, os chamados e-lixo, que com o avanço da tecnologia no mundo vem se tornando um excesso e pode causar diversos impactos negativos para meio ambiente. Esse lixo, quando descartado incorretamente, pode contaminar o solo e os lençóis freáticos, colando em risco o fornecimento de alimentos, recursos hídricos e expondo a população a substâncias perigosas como mercúrio, chumbo e cádmio, além da grande quantidade de plástico gerado por esses produtos.


Lixo eletrônico recolhido pelo ONG E-Letro da cidade de Londrina - PR. (Foto: Wellington Santana)

Segundo os dados do Global E-waste Monitor 2017, relatório internacional elaborado pela Universidade das Nações Unidas (UNU) em parceria com União Internacional das Telecomunicações (UIT) e a ISWA – International Solid Waste Association (Associação Internacional de Resíduos Sólidos) a geração de lixo eletrônico no mundo atingiu 44,7 milhões de toneladas em 2016 e apenas 20% desses materiais foram reciclados pelos canais apropriados.


Fonte: Relatório Global E-waste Monitor 2017

O Brasil gerou um total de 1,5 milhões de toneladas de lixo eletrônico em 2016, sedo o segundo maior gerador desse tipo de resíduo no continente americano, ficando atrás dos Estados Unidos, que geraram 6,3 milhões de toneladas de lixo eletrônico no mesmo ano. Para combater esse grande descarte incorreto de resíduos eletrônicos, foi criado no Brasil, em 2010, a Lei n° 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que se destacam as responsabilidades compartilhadas pelo ciclo de vida dos produtos e a logística reversa.


De acordo com a Lei, a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos é o "conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta Lei."


Já a logística reversa surge como um "instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada".



VIDA ÚTIL DOS PRODUTOS ESTÁ CADA VEZ MAIS CURTA

Aparelhos de televisão em exposição na sede da ONG E-letro (Foto: Wellington Santana)

Os eletrônicos, eletrodomésticos, eletroeletrônicos e dispositivos digitais estão sendo programados para serem descartados cada vez mais rápidos. Os produtos acabam se tornando ultrapassados propositalmente. A ideia é sempre lançar novas gerações, fazendo aumentar a circulação e o consumo desses produtos, por isso a maioria é substituída em um curto período de tempo.


Esse fenômeno ficou conhecido como obsolescência programada, que é uma técnica utilizada por fabricantes para forçar a compra de novos produtos, já estabelecendo o término da vida útil deles. Os casos mais comuns são com os smartphones, computadores e televisores, que a cada ano são lançadas novas atualizações pelas empresas, criando na mente do consumidor a ideia de que precisam atualizar seus aparelhos sem esperar que eles de fato tenham chegado ao limite de sua vida útil. Os casos se estendem por toda linha de produtos, seja domésticos, automóveis e todo tipo de eletrônicos.


Para toda essa geração de lixo eletrônico, precisam ser criados mecanismos para o descarte correto desses produtos. Em Londrina, a ONG E-Letro trabalha desde 2008 com coleta, armazenamento, separação e reciclagem de materiais eletrônicos, com intuito de dar o destino correto a esses produtos. "O objetivo é ambiental, surgiu basicamente pela necessidade de não existir nada nesse segmento quando foi criado. O intuito é dar o destino correto aos eletroeletrônicos. A população tinha muita demanda relacionado a esse tipo de material", explica o fundador e diretor da ONG, Alex Gonçalves.


A ONG trabalha com o recolhimento desses produtos, concertos para revenda e com ações sociais, com recepção de visitantes que tenham interesse em saber mais sobre a questão do lixo eletrônico, formas corretas de descartes, meios para reutilizar os materiais e outras questões. Além disso, participam de debates e palestras e a ONG já recebeu alguns prêmios pelas ações que estão realizando.


Os pontos de descarte para os lixos eletrônicos estão por toda a cidade e são feitas em parcerias com empresas, entidades, escolas, entre outros. Além de Londrina, a ONG já conseguiu cobrir 85 cidades do Paraná e também cidades no oeste de São Paulo. O resultado é extremamente significativo, e vem ajudando várias cidades a diminuir a destinação incorreta desses lixos.


Mas a diminuição e o descarte correto desses materiais ainda precisa ser repensados em nível mundial. O relatório Global E-waste Monitor 2017 traz uma previsão que para 2021 a geração de lixo eletrônico global deve aumentar em torno de 17% e superar os 50 milhões de toneladas.


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