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Arte e natureza se unem para conscientizar cidadãos na Fazenda Bimini

Atualizado: 16 de abr. de 2020


Escultura fixada perto do portal de entrada da Fazenda Bimini (Foto: Wellington Santana)

No ano de 1936, chegavam ao Brasil o alemão Hans Kirchheim e sua esposa. Eles vieram da Inglaterra, onde se casaram escondido, pois ele era judeu e ela não. Em seguida, o casal veio para o Paraná, mais especificamente na cidade de Rolândia, onde iniciaram uma das fazendas mais antigas da cidade e que está ativa até hoje, a Fazenda Bimini.


A segurança financeira do casal veio através do cultivo do café, que depois da geada em 1975, deixou de ser cultivado pela família. Mas as ações de Kirchheim não ficaram apenas na roça. Em 1968 ele inaugurou a Escola Roland, uma escola baseada em humanismo, que utilizava à linguagem da arte para ensinar a valorização da natureza.



Esses valores foram transmitidos para sua família, que hoje, cuidam da Fazenda Bimini, levando o sonho de Kirchheim, que era manter o local aberto para comunidade, dando um retorno para o local que o acolheu quando ele precisava.


Atualmente, Daniel Steidle e sua mãe Ruth Steidle é quem cuidam da fazenda. O espaço segue com os princípios humanistas e ambientais que há muito tempo foi transmitido por Kirchheim. Por lá, ocorrem diversas atividades com o propósito de passar adiante a importância da preservação, aprender a respeitar as diferenças culturais e de despertar o lado artístico e sensível de cada visitante da Bimini, por acreditarem na força da arte. "A ideia é levar arte, porque a arte é universal. Você pode tocar. Você se encanta. Você não precisa falar tanto. A arte é uma imagem que vale por milhões de palavras", comenta Steidle.


Espaço para os visitantes fazerem pinturas em telas observando a natureza (Foto: Wellington Santana)

Dentro da fazenda, encontramos o Museu do Café Massuci com obras do artista plástico Edson Massuci, que produz suas esculturas com materiais recicláveis. O museu retrata a história do café, uma importante cultura que se tornou referência para a região e para essa família. Além desse projeto desenvolvido na Bimini, o artista e Steidle já desenvolveram diversas ações na cidade e região para despertar o interesse da comunidade e dos órgão públicos da importância de se falar e fazer arte. Massuci está trabalhando agora em um projeto que é a criação de obras através do lixo. "Estou com uma exposição em janeiro agora, para comemorar o aniversário da cidade, que será feita exclusivamente com lixo, como papel, portas de guarda roupas, ventilador", relata o artista. A ideia é desenvolver uma arte para que pessoas com deficiência visual possa interagir com a obra.


Obras do artista Edson Massuci expostas no Museu do Café Massuci na Fazenda Bimini (Foto: Wellington Santana)


Mas a arte não está apenas dentro do museu. Toda a fazenda é uma espécie de museu a céu aberto. O terreirão chama a atenção pelo relógio solar e há diversos brinquedos caseiros confeccionados por eles. Outro espaço inusitado é o Cine Paiolzão, um paiol que foi adaptado para reproduzir filmes e que conta com obras feitas por Kirchheim.

Esses espaços, junto com as explicações feitas por Steidle e sua mãe durante as visitas, proporcionam aos visitantes uma busca por novos saberes, principalmente para quem nunca teve o contato com a realidade da roça. "Primeiro vem uma curiosidade grande, depois a investigação, com uma conversa com seu pai, mãe e avós e assim veem que estão ligados a isso, não só ligados ao passado, mas ao futuro, e que precisamos começar a aproveitar o passado e conectar ele com a atualidade", relata Steidle sobre as crianças que visitam o local e nunca tiveram contanto com toda aquela história e ferramentas.


Terreirão da Fazenda Bimini (Foto: Wellington Santana)

Além de todos esses encantos naturais e obras de artes, o espaço também serve como local de pesquisa em parceria com a Embrapa Floresta. Possui algumas trilhas e uma em especial, a Trilha da Saracura, que foi pensada para ser acessível para qualquer pessoa, seja crianças, idosos, cadeirantes e pessoas com dificuldade de locomoção. Outra atividade bem recente que a fazenda está oferecendo é o curso de agrofloresta, Steidle conta que as turmas estão cada vez maiores e que na verdade ele está desenvolvendo a ideia de um "agrojardim". "Aqui já tem aula de compostagem, agricultura, sobre bananeira, palmito. Aqui você faz o que a floresta faz, diversidade, esse que é o lance, para se ter muita matéria orgânica no chão, os bichinhos da terra voltarem e isso ser uma grande usina."



Placa explicativa sobre a compostagem no espaço da agrofloresta (Foto: Wellington Santana)
Daniel mostrando facão que era de seu avô e ainda permanece com a família (Foto: Wellington Santana)
"Esse aqui não é para gente brigar ou destruir florestas, mas sim fazer as podas." Daniel Steidle

O pedido que Kirchheim fez para a família continua sendo levado através das gerações. O neto transpassa os mesmos ideais para seus filhos e continua lutando para ver aquilo que seu avô começou há muito tempo atrás permanecer em pé. "Que eles possam da maneira deles absorver essa ideia, da maneira deles continuar. Eu não estou fazendo o trabalho do meu avô, mas as ideias eu não começo da estaca zero, inventando a roda, eu aproveito a roda e faço ela rodar da maneira como hoje é necessária. Da mesma forma eles também tem essa liberdade."


VISITAÇÃO


A Fazenda Bimini recebe visitações com horário agendado, que pode ser feito pelo telefone (43) 3256-1794.


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